O torno cerâmico é uma das ferramentas mais fascinantes do universo da cerâmica – e também uma referência sempre que pensamos nessa arte, graças à icônica cena do filme Ghost. Com ele, é possível transformar simples blocos de argila em peças simétricas, elegantes e funcionais. Se você está começando nesse mundo, este guia vai te ajudar a dar os primeiros passos com segurança, prazer e criatividade.
O que é o torno cerâmico?
Na realidade, existem dois tipos principais de torno cerâmico, o manual e o elétrico. O torno manual é geralmente utilizado em cima de uma mesa, para facilitar o acabamento e a pintura das peças, conferindo mobilidade (giro) à peça e facilitando sua visualização sob todos os ângulos.
Já o torno elétrico é uma máquina que gira em alta ou baixa velocidade, permitindo que o ceramista modele a argila com as mãos ou com o auxílio de ferramentas. É uma técnica milenar, usada para criar desde pequenas peças até vasos gigantes, permitindo uma gama quase infinita de possibilidades.
Como toda técnica de modelagem, o uso do torno pode parecer assustados no primeiro contato, mas com as dicas abaixo te garanto que a sua experiência será muito mais agradável!
Preparando-se para o uso
– Escolha da argila: o primeiro passo para o sucesso da modelagem é a escolha da argila. Para a modelagem de peças menores, não é necessário que a argila seja rica em chamote (partículas de cerâmica que são misturadas à própria massa para lhe conferir resistência e reduzir a retração), já para a modelagem de peças altas ou muito largas, é ideal escolher uma argila que contenha uma boa quantidade de chamote, a fim de conferir estrutura para a modelagem. Para quem utiliza massa cerâmica industrializada, essa informação costuma estar disponível no rótulo ou no site do vendedor.
– Ambiente de trabalho: Trabalhe em um espaço limpo, com acesso à água e boa iluminação. O ideal é ter uma bancada próxima ao torno para apoio.
– Ferramentas básicas: Tenha por perto uma esponja, fio de corte, estecas, ponta seca e uma tigela com água.
Passo a passo para iniciantes
1. Centralizar a argila: Esse é um dos momentos mais importantes. Com o torno ligado, coloque a argila bem no centro do prato giratório. Use as duas mãos para firmar o bloco e aplicar pressão para alinhar a massa. Você pode ver mais sobre a centralização da argila no torno no vídeo abaixo:
2. Abrir o centro: Com a argila centrada, use os dedos para fazer uma abertura no meio, sempre mantendo as mãos úmidas, como neste vídeo aqui:
3. Levantar as paredes: Com delicadeza, vá puxando a argila de baixo para cima, afinando e modelando conforme o formato desejado. Veja mais aqui:
4. Dar forma: Essa é a parte mais artística do processo. Com paciência, experimente formas básicas como copos e tigelas antes de avançar para peças mais complexas. Neste momento é possível conferir texturas diversas à sua peça, use a criatividade!
5. Corte, acabamento e secagem: Use o fio de corte para separar a peça do prato do torno. Em seguida, deixe-a secar um pouco antes de fazer os acabamentos, se necessário (como pés e recortes) e, depois, deixe-as secar lentamente até o ponto de osso antes de realizar a queima.
Dicas essenciais para iniciantes
– Paciência é tudo: No início, errar faz parte do processo. Não desanime com peças tortas — cada tentativa é um aprendizado. A técnica oriental – uma das mais tradicionais – ensina que a perfeição vem da repetição, então serão necessárias muitas repetições até que as suas peças estejam harmônicas e simétricas, mas não se preocupe, já que a argila é reciclável e pode ser utilizada infinitas vezes até que seja queimada.
– Hidrate suas mãos e a argila: A argila resseca rápido. Mantenha as mãos sempre molhadas e use uma esponja úmida para controlar a umidade da peça. Suas mãos devem deslizar suavemente pela argila, mas não se deve deixar formar uma poça no fundo da peça, pois isso pode fragilizar sua estrutura.
– Mantenha a postura correta: Evite dores nas costas ajustando a altura da cadeira e do torno. Sente-se de forma que seus cotovelos fiquem firmes sobre os joelhos e sem curvar sua coluna para alcançar a postura ideal para modelagem.
– Limpeza constante: Limpe o torno e as ferramentas após cada uso para evitar o acúmulo de resíduos e preservar o equipamento. Uma boa dica é manter um balde ao lado do torno para colocar o excesso de barbotina ou aparas do acabamento, para reciclar posteriormente.
Considerações finais
Trabalhar com o torno cerâmico é uma jornada envolvente e cheia de descobertas. Mais do que técnica, esse processo exige sensibilidade, atenção e uma boa dose de tentativa e erro. Com prática e dedicação, você logo estará criando peças únicas com sua própria identidade artística.